Ser cristão é mais que somente olhar para o céu!

Nestes dias que estamos próximos da Festa da Ascensão de Jesus, cabe-nos olhar para o alto, contemplar, mas sem se negar a olhar também para o horizonte e seguir, e evangelizar. A Ascensão é festa que lembra que nos chega o tempo de assumirmos com maturidade a fé. Fé que se vivencia e, também, se anuncia. Não nos basta olhar para o alto. É preciso verificar e comprometer-se com o horizonte onde se dá o evento da vida, das relações humanas, com suas belezas e desencantos, onde ocorre a morte e a vida, o nascer e o fenecer, o sepultar e o ressuscitar.

Gente cristã e amadurecida na fé deve saber conjugar o contemplar e o agir. Há quem só olha para o alto, numa atitude passiva e dependente dos acontecimentos, esperando que Deus faça algum milagre. Há quem só olha para o alto para fugir do horizonte, com seus conflitos e desafios. Quem cresce na fé já aprendeu que a vida humana não é somente busca, mas entrega também. Mais do que nunca, hoje a comunidade cristã tem a missão de ensinar às pessoas o prazer da entrega, da gratuidade. Num contexto de egoísmo crescente, o ser cristão deve desabrochar-se em turbilhões de alternativas saudáveis de se pôr a servir.

A vida Cristã mais autêntica fundamenta-se na gratidão e na gratuidade. Gratidão que nos faz reunidos em comunidade e dispostos a celebrar os acontecimentos da entrega de Jesus numa constante ação de graças; daí o nome Eucaristia. Gratuidade porque o que celebramos é o amar na sua substância mais sublime: entrega, partilha, encontro, compaixão, sacrifício, prazer de fazer o bem, vontade de tornar feliz e realizada a pessoa a quem se ama.

É muito triste que vários movimentos religiosos que se denominam cristãos sejam pautados somente no ter, no ganhar, no milagre sem compromisso, sem trabalho em contrapartida, o que engana, ilude a pessoa, que acaba por se escravizar nas mãos de maus pastores, de gente oportunista que se enriquece tirando mais de quem pouco tem. Não é certo, também, que o fascínio desenfreado pelo consumir seja tão reluzente que a comunidade cristã como que desapareça da cidade em meio aos prédios, aos shoppings, aos shows e aos certames esportivos.

Muita coisa hoje reluz diante dos olhares humanos. Os cristãos devem saber fazer reluzir o encanto do Cristo, das “coisas do alto”, como insistia São Paulo. Quando a televisão e outros meios de comunicação pagãos formam a opinião até mesmo dos que se afirmam cristãos, é chegado o tempo de rever atitudes e valores; é aí chegado o tempo de conversão, de mudança de valores. O jornal da TV e da banca não podem ditar o modo como interpretamos a vida, a morte, a riqueza, a pobreza, o jovem, o menor, a violência e os conceitos de paz. Quem deve reger os critérios de uma verdadeira comunidade cristã é o Evangelho de Jesus Cristo.

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